MEDITAÇÃO FILOSÓFICA: A NECESSIDADE FORMADORA DO SILÊNCIO

 

                                                                                                  

        Dando continuidade à série de textos sobre a arte do silêncio, retorno a esse “vazio” constitutivo... Vazio este, que se ergue como uma montanha imponente, cercada pelo constante fluxo de palavras e ruídos que permeiam nossas vidas. Sim, o silêncio é, muitas vezes, mal compreendido… “silêncio constrangedor”... dizem aqueles com mentes atribuladas às amarras da comunicação verbal. Mas o que faz tornar o silêncio um lugar de desconforto?

        Há quem diga que, no momento de silêncio, somos confrontados com a verdade crua da nossa própria existência, sem as distrações e os ruídos que nos impedem de ver claramente. É neste espaço que são sussurradas realidades abafadas pelos ruídos do dia a dia. No campo do silêncio, não somos julgados pelo eco das nossas palavras, mas sim pela essência dos nossos pensamentos mais íntimos. E no teatro da existência, este palco é evitado por muitos. O silêncio se torna por vezes, um imenso abismo, com uma profundidade assustadora, onde muitos se recuam e retraem frente ao medo de um cemitério de dúvidas e inseguranças que preferimos deixar ali... enterradas.

        Mas há quem tenha um fascínio e enxergue o silêncio como um tesouro escondido, esperando ser descoberto por estes que têm a coragem de se aventurar em suas profundezas. Há quem creia na importância de honrar o silêncio em nossas vidas, não como um vazio a ser preenchido, mas sim como um oceano de possibilidades que aguarda pacientemente para nos revelar seus segredos mais profundos. A terapia do silêncio não precisa ser apenas uma prática ocasional, mas sim uma virtude a ser cultivada e valorizada.

        Se permitam vivenciar o silêncio da maneira mais genuína que puderem... ele muitas vezes é mais eloquente do que qualquer palavra poderia ser.

Texto e fotografia

By Lia Chagas