O SILÊNCIO COMO TERAPIA DA ALMA!

 


        Estive um tempo sem colaborar com o blog. Sentei várias e várias (e várias!!!) vezes afim de ter algo para dialogar, mas nada me vinha. Apenas um silêncio profundo e conflituoso dominava o espaço. Passei horas, por semanas escrevendo linhas brancas sem contornos... sem letras, sem símbolos, sem números...

     Foi aí que decidi abraçar o silêncio, entender, estudar e me debruçar sobre ele. Foi procurando o tudo que eu encontrei o nada e tomei a decisão de que faria algo com aquilo! Tomei a decisão que iria gestar e dar à luz ao silêncio! Meu silêncio! Imenso silêncio! Mas de que forma eu o abordaria? Como eu poderia alargar o horizonte da compreensão dele?

       Talvez começar por sua definição. Silêncio: estado de quem se cala ou se abstém da fala; ausência de som; pausa. Descrição seca, direta e objetiva. Vamos colocar duas novas perspectivas em jogo. Podemos ter o “aparente” silêncio, sem voz, sem fala, sem som, mas com a permanência de um diálogo interno; e o silêncio total, “o pensar em nada”, o silenciar da mente.

    Foi por esta via, que peguei um retorno e caminhei novamente pelo percurso do conhecimento, para enfim me deparar com os escritos da filosofia de Plutarco (de onde retirei minha inspiração para esta série de textos que vos apresentarei). Plutarco, (filósofo, biógrafo e historiador; nascido em Queroneia), apesar de não ter nenhum tratado dedicado exclusivamente ao tema silêncio, traz em seus escritos um forte apelo ético, onde o silêncio é considerado um potente ingrediente no tratamento de uma alma flagelada pelas paixões. O silêncio, poderia ser encarado então, como uma terapia para alma!

       E qual seria a face de afecção da alma, visto que o silêncio é uma das possibilidades de cura? Busquemos o seu contraponto: na relação com o outro podemos dizer que o silêncio seria rompido, rasgado, atravessado pela fala. O que nos faz pensar que esta, seria o oposto do silêncio. Com este raciocínio, iríamos um pouco mais adiante e encontraríamos o seu pólo antagônico (apresentada e refletida por Plutarco): a tagarelice!


“É delicado e difícil para a filosofia empreender a cura da tagarelice. Pois seu remédio, a palavra, é feita para aqueles
que ouvem, e os tagarelas não ouvem ninguém, já que estão
sempre falando. Eis o primeiro mal contido na incapacidade
de se calar: a incapacidade de ouvir. É uma surdez voluntária
de homens que, creio eu, censuram à natureza o fato de
terem apenas uma língua, embora tenham duas orelhas (...)


       Bom, podemos agora iniciar nossa jornada no estudo do silêncio e da tagarelice, mas, se teremos uma série de textos para dialogarmos, se faz necessário uma pausa. Façamos esta neste momento…


         Em silêncio…


                     By Lia Chagas


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