Acolhimento Mental: Quando o Caos se Instala

 



Às vezes, a mente se torna um campo de batalha, um lugar extremamente ruidoso... Pensamentos desordenados se acumulam, o peito aperta, a respiração se torna curta e ofegante. O corpo parece estar em estado de alerta constante, como se algo terrível estivesse prestes a acontecer, mesmo que, racionalmente, não haja uma ameaça real. A ansiedade não pede licença, não avisa quando chega e, muitas vezes, se instala como uma tempestade avassaladora que tira o chão e obscurece qualquer tentativa de raciocínio lógico.

Mas como isso acontece? Como, de um instante para o outro, a realidade se distorce e a mente mergulha em um caos inexplicável? Será que apenas alguns conhecem essa sensação de estar à deriva dentro da própria existência ou todos já vivenciaram esse sentimento de ser meros expectadores da vida?

O tempo se alonga... a respiração falha, o mundo ao redor parece distante, como se estivéssemos sendo observados através de um vidro grosso e embaçado. Há medo, mas medo de quê? Talvez de tudo, talvez de nada em específico.

E quando essa sensação chega, há como impedi-la? Seria possível dizer a ela “Pare! Não há perigo real! Tudo está bem! Não há necessidade desse desespero repentino!” Mas a mente não ouve... oh mente enganosa! O corpo não responde... O peito aperta como se estivesse sendo esmagado por algo invisível. O próprio pensamento se fragmenta, incapaz de encontrar uma linha lógica para seguir. O que era simples se torna impossível. Pequenos movimentos parecem tarefas hercúleas. Como explicar para alguém que nunca sentiu isso que, de repente, respirar pode parecer uma questão de esforço e não de instinto?

O psiquiatra Carl Jung afirmava que "aquilo a que resistimos, persiste". Talvez o caos mental funcione assim. Quanto mais tentamos combatê-lo, mais ele se impõe, dominando cada espaço dentro de nós. Seria esse o segredo? Não lutar contra a tempestade, mas permitir que ela passe sem deixar que nos destrua? Mas como fazer isso quando tudo dentro parece ruir ao mesmo tempo? Como aceitar algo que parece grande demais para ser suportado?

Talvez a resposta não esteja na fuga, nem no enfrentamento direto, mas na observação. Na tentativa de compreender que, por mais intensa que seja a tormenta, ela não pode durar para sempre. Que, mesmo quando tudo parece perdido, há sempre um resquício de lucidez... Há sempre uma fresta de ar que nos mantém de pé... E que, de alguma forma, apesar do caos, simplesmente seguimos...


Com carinho e seguindo,

Lia Chagas

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