Entre o Ontem e o Amanhã: Um Coração Grato

 


A vida é um sopro. Uma daquelas verdades simples e incontestáveis, repetidas ao longo do tempo porque carregam em si a essência da existência: passageira, imprevisível e, ainda assim, cheia de significados para quem aprende a senti-la. Ela é um caminho que se desenrola diante de nós sem garantias, sem mapas exatos... Muitas vezes, nos perdemos entre a nostalgia do passado e a incerteza do futuro, esquecendo que é no presente que a vida realmente acontece. É aqui, o único tempo que realmente nos pertence.

E é justamente essa consciência que nos ensina a valorizar cada instante. É quando aceitamos a impermanência da vida e passamos a olhar para o agora com mais atenção, menos pressa e mais gratidão. Pequenos momentos se tornam preciosos, e aprendemos que o essencial quase sempre está ao nosso alcance.

A gratidão nasce desse entendimento: não como um sentimento passageiro, mas como uma forma de enxergar o mundo. O filósofo Sêneca dizia, de forma brilhante, que “não é feliz aquele que tem o que deseja, mas o que deseja o que tem”. Cirúrgico! A felicidade não está apenas no que alcançamos, mas na capacidade de reconhecer o valor do que já temos, de encontrar beleza até nas entrelinhas dos dias comuns.

É fácil agradecer pelos momentos grandiosos, pelas conquistas que fazem barulho. Mas e os dias silenciosos? A brisa suave da manhã, o calor de um abraço inesperado ou o subitâneo ato de abrir os olhos e recomeçar... Há poesia na simplicidade, e a gratidão é o olhar que transforma o comum em extraordinário.

Não se trata de negar as dificuldades ou romantizar os desafios, mas de perceber que, apesar deles, seguimos entre erros e acertos. Fomos moldados por tudo o que nos trouxe até aqui. A vida não precisa ser perfeita para ser profundamente valiosa.

Hoje, escolho a gratidão. Pelo que fui, pelo que sou e pelo que ainda posso ser. Pelo caminho já percorrido e pelo que ainda está por vir. Porque estar aqui, respirando, vivendo e aprendendo, já é, por si só, um presente. Parafraseando Fabrício Carpinejar: se a vida é um sopro, transforme-a em melodia e assobie…



Com carinho,

Lia Chagas



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