O Instinto sabe o Caminho: Reflexões sobre o Voar dos Pássaros e o Propósito Humano
Estava aqui, final de tarde, observando os pássaros. Para ser mais precisa, observando o voar dos pássaros... Nesse balé de ação, me questionei sobre o propósito daquele vôo, daquela forma. Seria apenas um deslocamento? Um instinto mecânico moldado pela sobrevivência? Ou haveria, mesmo naquilo que julgamos inconsciente, alguma intencionalidade, algum sentido que ultrapassa a necessidade imediata?
Entre observações e trocas com Jota, chegamos à antropologia. Ao que é racional (moldado pela lógica e experiência), e ao que é instintivo (guiado por impulsos primordiais e por forças que nos movem sem que percebamos). Nos deparamos com um empasse: o quanto de propósito existe no instinto?
O etólogo Konrad Lorenz, em seus estudos sobre o comportamento animal, demonstrou como certas ações, ainda que instintivas, podem carregar uma complexidade que transcende a mera sobrevivência. O vôo dos pássaros, por exemplo, não é apenas um reflexo condicionado pelo ambiente, mas também a expressão de um comportamento social, de um aprendizado passado entre gerações e de uma adaptação refinada às condições de vida. Eis uma grande verdade! A natureza é sábia! Ela não desperdiça gestos...
Penso então no humano e na sua incessante busca por significado. Se nos animais o instinto pode conter camadas de propósito que ultrapassam o simples ato, o que dizer de nós? Quanto das nossas ações cotidianas são guiadas por algo que mal conseguimos nomear? Talvez, assim como os pássaros, também dancemos em um balé de propósitos ocultos, impulsionados por algo maior do que nossa compreensão imediata.
Em um simples momento de observar os pássaros, consegui vislumbrar a beleza que há no movimento não pensado, naquilo que apenas É. Talvez nossa busca por significado nem sempre exija respostas exatas, mas uma entrega mais profunda àquilo que nos conduz. Assim como o voo dos pássaros carrega em si algo que vai além da mecânica do bater de asas, nossa jornada também é guiada por uma ordem maior, por um propósito que nos antecede e nos sustenta. E ter a confiança nisso é o passo mais essencial do caminho...
Com carinho,
Lia Chagas
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