Oração Ambulante

 


Acordo no fracasso, não o fracasso dos homens,

Mas o fracasso do desejo de viver o caos da vida.

Aquele desejo que grita em silêncio,

Que se perde nas esquinas do tempo.

Busco algo que não se tem aqui,

Ou que talvez não se seja,

A simplicidade que foge nas multidões,

No barulho da urgência,

No eco dos luxos que não são meus.


E sigo, oração ambulante,

Tentando me encaixar onde não cabe o meu ser,

Como se a vida tivesse um molde,

E eu fosse a exceção a ser corrigida...

Mas meu desejo, esse desejo insatisfeito,

Pede por uma vida sem o brilho efêmero,

Sem a riqueza que se conta em cifrões,

Mas na vastidão do tempo,

Na quietude do ser, na simplicidade do olhar.


Me vejo perdida entre os outros,

Que buscam aquilo que nunca será meu,

Não porque eu desejo,

Mas porque sigo errante,

Procurando algo que só existe na memória

do que é simples, do que é puro,

Mas que se perde no tumulto do querer.


E enquanto sigo,

Orando a cada passo,

A cada respiração,

Sinto a distância do meu desejo,

E a dificuldade de encaixar a alma

Em um mundo que não entende o meu silêncio...


Com carinho,

Lia Chagas


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