A DANÇA EFÊMERA DO TEMPO !

 


Em cada pulsar de nossos corações, sentimos a presença implacável do tempo, um maestro invisível que rege a sinfonia de nossas vidas. Na sociedade moderna, o tempo tornou-se um bem escasso, um tesouro inalcançável que parece escapar por entre nossos dedos como areia fina. Vivemos em um frenesi constante, uma corrida desenfreada contra os ponteiros do relógio, como se estivéssemos sempre atrasados para um destino que nunca chega.

Os dias se desdobram em uma sequência vertiginosa de compromissos, prazos e responsabilidades. Cada minuto é disputado, cada segundo é contado. Acordamos ao som de alarmes estridentes, corremos para o trabalho, enfrentamos um sem-fim de tarefas e, quando o sol se põe, nos damos conta de que o tempo, mais uma vez, nos venceu. A noite se torna um breve intervalo de descanso, um suspiro antes de mais uma jornada.

Mas o que é o tempo, senão uma criação humana? Uma tentativa desesperada de dar ordem ao caos, de medir o imensurável, de controlar o incontrolável. O tempo não tem substância, não pode ser tocado, visto ou ouvido. É uma abstração, uma ideia que nos aprisiona em sua lógica inflexível. E, no entanto, nos tornamos escravos desse senhor invisível, suas exigências ditando o ritmo de nossas existências.

Em meio a essa escassez, nos esquecemos de viver. Esquecemos de sentir o perfume das flores, de ouvir o canto dos pássaros, de admirar o brilho das estrelas. Esquecemos que a vida é feita de momentos, de pequenos instantes que, quando somados, formam a eternidade. Esquecemos que o agora é tudo o que temos, e que o futuro é apenas uma promessa incerta.

Há uma beleza trágica na finitude do tempo. É essa limitação que dá valor aos nossos dias, que nos força a reconhecer a preciosidade de cada instante. Mas, tragicamente, na busca incessante por mais tempo, acabamos desperdiçando o pouco que temos. Vivemos no passado, ruminando arrependimentos e lembranças, ou no futuro, alimentando ansiedades e esperanças. E, assim, o presente nos escapa, um suspiro que se perde no vento.

A escassez do tempo na sociedade moderna é um lembrete constante de nossa mortalidade, de nossa fragilidade, de nossa condição humana. É um convite a refletir sobre o que realmente importa, sobre o que queremos deixar como legado. É um chamado para desacelerar, para encontrar a paz na simplicidade, para redescobrir a magia do agora.

Que possamos, então, aprender a dançar com o tempo, em vez de lutar contra ele. Que possamos apreciar cada passo, cada movimento, cada pausa. Que possamos encontrar beleza na efemeridade, sabedoria na impermanência, e plenitude na finitude. Pois, no final das contas, o tempo é o que fazemos dele, uma poesia que escrevemos com nossos dias, uma melodia que tocamos com nossos corações.

            BY JOTA RÊGO


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